Meu cérebro pensando intrigado: porquê você escreve, monte de carne e osso?-Eu sei escrever, porquê não escreveria?A resposta foi imediata: você não sabe escrever. Apenas tem mão para segurar um lápis, para bater nas teclas. Eu sei escrever, ler e falar. Mas tenho que ficar dentro da sua cabeça oval, mesmo sendo infinitamente superior...-O que você quer, cérebro ingrato? Pernas? Braços? Ou quem sabe, asas?Não tenho certeza do que quero... aliás, eu posso querer as coisas. Já você é meramente resposta física da minha vontade. De você não espero mais que um gorro, ou um capacete.-Posso tirar você. Não preciso mesmo, é apenas peso na minha cabeça. E com ela mais leve será tudo mais simples. Diga-me cérebro, quanto você pesa?Vai me vender? Me colocará numa balança de um açougue qualquer para ser comprado por outro cérebro, que vai me preparar para um almoço de família num domingo ensolarado?-Isso, é para ver que posso fazer mais que você, na prática.Não é verdade, sem mim, você não existe. Seria zumbi e nada mais...-E por acaso não reparou que os zumbis são maioria? Você não é tão esperto, acho que não alimenta uma família inteira. Talvez um trabalhador acostumado a comer carne de terceira.Tudo bem, faça o que quiser comigo, eu avisei.
(...)
E uma voz angelical vinda do céu, do nada ou da casa da porra, disse suavemente, cheia de sabedoria:
"... Nunca sentiu um frio na barriga? Ou um calor que brota de dentro? Você acredita nos seus sonhos?Ama? Odeia? Perceba corpo, e compreenda cérebro, que vocês dois são perfeitos como um só.É simples. Para escrever é preciso sentir, seja revolta, ódio, paixão...A pessoa que não tem alma, não sente o entusiasmo de uma frase bem feita.E sem ela, nenhum objetivo é alcançado. Nada de verdadeiro é escrito e conseguido.As coisas não tem sentido. Aqui quem fala é sua coragem, sua força de vontade. Sou sua Alma e sou penada. Imortal..."
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
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